No artigo anteriormente publicado, Viktor Danko: Animação japonesa através dos tempos, o Me. Viktor Danko compartilhou suas experiências sobre como a cultura pop japonesa influenciou seus projetos profissionais e acadêmicos. Como exemplo, essa experiência resultou na sua pesquisa de mestrado e no livro que abordam sobre os contextos históricos da animação japonesa. Nesse sentido, apresentamos a entrevista exclusiva com o professor, ilustrador e artista plástico Rodrigo Cardoso formado em Design Gráfico pela Universidade Estácio de Sá. Ele também compartilha sobre como a cultura pop japonesa influenciou seus projetos profissionais e acadêmicos, principalmente os animês e os mangás que teve acesso e que o motivaram a incorporar seus aspectos estéticos nas suas obras artísticas. Rodrigo também comenta sobre como essas experiências inspiraram a exposição Art Nerd: uma viagem às referências de um artista apaixonado por animes e quadrinhos, apoiada pela Fundação Educacional e Cultural da Prefeitura de Nova Iguaçu (FENIG). A Exposição está localizada no Top Shopping de Nova Iguaçu até o dia 20 de janeiro, no terceiro piso. Endereço: Av. Governador Roberto Silveira, 540, Nova Iguaçu, Rio de Janeiro.
O Minuto Otaku entrevistou com exclusividade o Rodrigo Cardoso, autor da exposição Art Nerd: uma viagem às referências de um artista apaixonado por animes e quadrinhos.
Conhecendo o Rodrigo Cardoso
Querido Rodrigo, é um prazer poder aprender mais sobre sua trajetória! Obrigada por ter aceitado prontamente esse convite. Gostaríamos de saber sobre onde você nasceu e onde você viveu a sua infância e\ou adolescência. Atualmente, onde você vive?
Nasci no Rio de Janeiro, vivi da infância até a fase adulta entre Nova Iguaçu e Botafogo. Por causa da crise e da pandemia, atualmente resido em Nova Iguaçu.
Caso você tenha se mudado para diferentes lugares, como foi a adaptação às diferentes culturas e costumes de cada lugar?
Por causa de meu trabalho, viajei bastante pelo Brasil. Dentre os lugares que mais frequentei, foram Brasília, Minas Gerais e bastante em São Paulo para fins de estudo e trabalho. Não tenho muita dificuldade para me adaptar. Na verdade, sou meio recluso me concentrando no que tenho de fazer onde estou, mas mesmo assim sou bem acessível.
Quem são as pessoas e quais são as experiências mais marcantes nesses contatos com diferentes culturas?
Os contatos, na verdade. foram com alunos e colegas da minha área de ilustração. Eles sempre me mostravam novas formas de fazer as coisas. Os eventos de animê em São Paulo são ótimos, o que me marcou mais foi o da ABRADEMI da qual eu fazia parte. Nossa, era ótimo.
Essas pessoas ou outras teriam relação com o seu interesse e entusiasmo pelas diferentes culturas, inclusive em relação à cultura japonesa?
Na ABRADEMI, com certeza, Associação Brasileira de Desenhistas de Mangá e Ilustração, entrei em 1995, Aprendi muito mais sobre cultura japonesa, que eu já amava. Para mim, estar lá era como estar na fonte de tudo isso.
Como foram os seus primeiros contatos com a cultura japonesa?
Foram através dos desenhos animados na Rede Manchete, tipo: Dom Drácula, Pirata do Espaço (Groizer X), Patrulha Estelar e entre outros. Fora algumas revistas e brinquedos da época que eu ganhava, nossa… eu amava o drama, a continuidade, o traço. Gosto muito do estilo gráfico, da ação e diálogo em tempo real tipo storyboard de cinema. Apaixonei lá pelos meus 8, 10 anos.
Quais são seus interesses, gostos e expectativas com relação à cultura japonesa?
Da cultura japonesa, eu amo a retidão, a disciplina, a arte e cultura samurai, além de todo o compromisso com honra e dever. Também amo os videogames e toda tecnologia… gosto da comida também, menos coisas cruas.
Como esses interesses, gostos e expectativas motivaram a sua participação nos estudos sobre cultura japonesa ou outros temas?
Eu sempre quis levar um pouco de cada uma dessas coisas para meu cotidiano. Além do jeito otaku de ser, queria ser mangaka ou ilustrador. Estudei japonês por um tempo, preciso retomar para um curso, aprender a falar e entender bem. Fora isso, ser um artista como os artistas plásticos realistas acadêmicos do século 19, como Bouguereau, Milais e Mucha.
Quais são os desafios de buscar realizar esses seus gostos e interesses pela cultura japonesa, inclusive com seus trabalhos e exposições artísticas?
A dificuldade é sair do nicho e alcançar mais pessoas, para conhecer e corresponder as expectativas de eventos e ações voltadas para movimentar mais o mercado nesse segmento. Apesar da enorme divulgação que temos hoje, graças a globalização e a Internet. Quem é otaku dos anos 90 sabe disso.
Breve histórico da Exposição
Como surgiu a ideia de construir a Exposição? Quem são as pessoas envolvidas na concretização desse projeto?
A ideia é pessoal e compartilhada por pessoas próximas que querem ver algo assim ser exibido. No meu caso em particular é a vontade de representar esse personagens ícones das mídias que me acompanham desde de pequeno nos comics, games, colecionismo, RPG, animês e mangás. Eu tenho a necessidade de mostrar e divulgar esse mundo que amo fazer parte.

Como você avalia a importância dessa Exposição? Você já fez algum projeto de intervenção (nas universidades, escolas, bairro, redes sociais…) com base em seus trabalhos artísticos?
Sou artesão do PAB (Programa de Artesanato do Estado do Rio de Janeiro). Através de eventos, ações em cursos, escolas e eventos de cultura, sempre tento mostrar um pouso dessas mídias através do meu trabalho visando introduzir e democratizar um pouco mais esse tipo de coisa.
Qual é o significado do seu trabalho nessa Exposição que você deseja compartilhar?
Acho cada uma das peças representa um pedacinho e todas são um amálgama de tudo o que representa o que sou, como quero que o mundo me conheça. É uma forma otimista de mostrar como o mundo pode ser interessante, culto e divertido.

Quais contatos você gostaria de disponibilizar para as pessoas acompanharem e divulgarem as atividades relacionadas aos seus trabalhos artísticos?
Podem ver o meu Instagram @rodrigocardoso.art que tem bastante coisa e estou sempre postando lá. Podem mandar mensagens que respondo de boa.
Experiências com arte da cultura pop japonesa
Como você conheceu os animês e mangás?
Através dos vários que assisti na Rede Manchete. Por exemplo, Yamato, Shurato, O Gênio Maluco, Pirata do Espaço (Groizer X), Zilion na Globo. Também os mangás de Mai – a garota sensitiva e das Lenda de Kamui, principalmente os mangás do Lobo solitário.
Como foi o processo de começar a trabalhar com essas referências artísticas da cultura pop japonesa?
Comecei sério depois de ingressar na ABRADEMI. Lá conheci os caminhos que me levariam adiante, onde eu me envolveria mais com esse tema e que mais tarde levaria para tudo o que eu fizesse.
Como a pandemia de Covid-19 afetou a forma de organizar, divulgar e realizar seus trabalhos?
Foi bem ruim, parei de dar aulas em curso e comecei a dar aula online para poucas pessoas que se adaptaram a isso. Sem possibilidade de fazer e ir aos eventos físicos. Sem isso, o contato com clientes e todo o processo de prestação de serviços artísticos passaram a ser remotos e escassos, e a maioria por recomendação. Sobrevivi devido a multifuncionalidade do meu trabalho.
Como você avalia que esse contato com a cultura pop japonesa influenciou o seu desenvolvimento nas diferentes áreas de conhecimento e/ou escolhas profissionais e acadêmicas?
Graças ao crescimento do mercado de entretenimento, esse contato está cada vez mais próximos devido à demanda por prestação de serviço artístico principalmente para games, animações e identidade visual online, como mascotes e coisas do gênero.
Como você pode aconselhar as pessoas que desejam realizar esses trabalhos artísticos, tendo como exemplo a sua experiência?
Hoje é mais fácil, a Internet ajuda a divulgar. Aposte nas redes sociais, construa uma relação verdadeira com seu público através de um portfólio honesto e consistente. Continue estudando as tecnologias e técnicas clássicas para ter o melhor dos dois mundos, seja humilde, controle seu ego, trabalhe duro, foque e o resto virá.
Quais contatos você gostaria de disponibilizar para as pessoas acompanharem e divulgarem as atividades relacionadas aos seus trabalhos artísticos?
Veja meu Instagram @rodrigocardoso.art, lá estou sempre postando trabalhos, dando dicas, atendendo clientes e conversando com o povo.
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