Com a difusão das televisões nos lares, os “ídolos” tornaram-se populares na indústria de entretenimento japonesa na década de 1970. Houve audições de canto patrocinadas por programas e revistas de televisão e muitos “ídolos” fizeram as suas estreias nesses concursos. A década de 1980 foi a era dourada dos “idols“. Alguns deles tornaram-se realmente um sucesso; normalmente lançavam uma canção a cada três meses, cantavam regularmente em programas de televisão, e apareciam ocasionalmente em filmes. Eram as estrelas dos espetáculos e de toda a indústria do entretenimento. E havia fãs, ou grupo de apoiantes para cada idol chamado Shin-eitai, que se traduz literalmente como “guarda-costas” em japonês.
Os membros do Shin-eitai aplaudiam sistematicamente o idol durante os concertos; gritavam seus nomes, reagiam a cada canção, atiravam fitas de papel no palco em determinados momentos, e assim por diante.
Os Shin-eitais eram uma organização altamente controlada, e alguns dos membros acabaram por ser contratados agências de talentos. Os idols não se limitam às artistas do sexo feminino no Japão. Há uma longa história de boybands na indústria de entretenimento japonesa desde os anos 60, e cada boyband tem um fã clube dedicado.
Votação e cultura de fãs
Produzida pelo magnata do entretenimento Yasuhi Akimoto, a AKB48, que já teve mais de 100 garotas, definiu um padrão completamente novo de relação entre os idols e os seus fãs. Com o seu conceito de “ídolos que você pode conhecer”, Akimoto construiu um teatro privado em Akihabara para que os fãs possam visitar seus ídolos sempre que quiserem. Os fãs podem até mesmo definir quem será o vocalista principal ou qual será a próxima canção através de um sistema eleitoral. Esta eleição tem mais de 3 milhões de votos e é transmitida na televisão japonesa.
Uma cédula de voto vem inclusa no CD, ou seja, quem comprou um CD terá direito a um voto, mas isso faz com que os mais fanáticos comprem centenas de CDs para votar num determinado membro do grupo várias vezes.
O produtor Akimoto também introduziu a Akushukai, ou o “evento de aperto de mão para os fãs”, onde estes poderiam realmente falar com o seu “ídolo por um curto período de tempo. Para cada CD adquirido, um fã pode interagir com o seu ídolo durante cerca de 10-15 segundos.
Ocidente x Oriente
Uma das características dos idols japoneses quando comparados aos do mundo ocidental é que um idol japonês não é necessariamente hábil em cantar ou dançar: a inexperiência nem sempre é uma falha; na verdade, a sua imaturidade pode fazer com que os fãs se sintam próximos dos seus idols. Eles observam carinhosamente como os seus idols crescem com o passar do tempo ao invés de desfrutarem da habilidade perfeita e profissional do intérprete. Os fãs japoneses tendem a apreciar o processo de crescimento, e gostam de estar perto dos seus “ídolos”.
Esta prática de acompanhar os seus ídolos data desde o período Heian (794 a 1185) quando era comum que pessoas patrocinassem gueixas e atores de teatro os quais julgassem promissores e acompanhavam seu desenvolvimento artístico enquanto custeavam suas aulas, vestimentas, maquiagem e etc.
Desta forma, o público não apenas ficava próximo do seu ídolo, mas também o acompanhava em sua jornada rumo ao aperfeiçoamento profissional, criando vínculos profundos com estes artistas enquanto bancava o aumento da indústria do entretenimento.
Referências
Galbraith, Patrick W. Idols and Celebrities in Japanese Media Culture.University of Tokyo, Japão, 2012.
BROWN, Delmer Myers; HALL, John Witney, The Cambridge History of Japan Vol.2: Heian Japan. Cambridge: Cambridge University Press, 2008.
** É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita. O Minuto Otaku não se responsabilizam pela opinião dos autores deste coletivo.