Os Mitos da Serpente
Vega possui uma tatuagem de serpente roxa no peito que circunda seus braços tanto direito como esquerdo e usa braceletes dourados nos pulsos. O símbolo da serpente é riquíssimo em detalhes e possíveis análises. O tema mítico da cobra é observado desde Adão e Eva, onde a serpente é quem induz Eva ao pecado. Outro mito que envolve a serpente é sobre o deus africano Oxumarê. Ele é a grande serpente, o orixá do arco – íris, filho de Nanã de Burukê.
Ele é o segundo filho, sendo que Nanã teve Obaluaê como primeiro filho e acaba por rejeitá-lo e abandoná-lo por conta de sua aparência, sendo criado por Yemanjá. Oxumarê, o filho seguinte, nasce lindíssimo e é muito querido por sua mãe. Ele se apaixona por Oxum que já era esposa de Xangô naquela época, originando uma batalha entre os dois rivais amorosos em que Xangô sai como vencedor. O grande rei (Xangô) era benevolente e deixou com que o enamorado Oxumarê levasse água para o seu castelo que fica no alto de uma pedreira e, assim, poderia ver de longe a sua amada. Outra lenda versa sobre Oxumarê ser um adivinho muito pobre que, após realizar uma profecia para um rei, se torna muito rico e famoso, sendo considerado o patrono do tilintar das moedas, mais tarde veremos essa aproximação possível com a imagem de Vega.
Outra famosa serpente mítica é Apófis, mitologia egípcia. Era ela grande inimiga de Maat (personificando a justiça, a ordem e a verdade), sendo a própria personificação do caos. Para os egípcios, ao anoitecer se iniciava uma grande batalha diária entre a serpente Apófis e o deus Rá que culminam na vitória do segundo, garantindo um novo dia e o raiar do sol, dia após dia.
Ainda em mitologia egípcia, há outra serpente, menos conhecida de nome Ka-en-Ankh Nereru que não lutava contra o deus Rá, mas sim o deixava revigorar as energias antes do sol nascer, sendo assim considerada como representação das energias revigorantes.
Em mitologia nórdica há a figura de Jormungand, uma enorme serpente, filha do deus Loki, que segundo a obra Edda em Prosa, foi capturada pelo deus Odin e jogada no grande oceano que circunda Midgard (reino dos humanos da mitologia nórdica). Ela ficou tão grande que sua extensão cobria toda a terra e mordia a própria cauda, em uma alusão simbólica ao Ouroboros que será posteriormente explicado. Jormungand é inimiga do deus Thor e durante o Ragnarok que serão os eventos que levarão ao fim do mundo, será morta pelo deus e, ao mesmo tempo, o matará.
Na mitologia romana há uma deusa de nome Angícia que era uma serpente. O próprio símbolo da serpente era ligado à cura, sendo uma deusa ligada justamente ao zelo e à cura, venerada por um povo antigo da região da Itália, os Marsos. Pode-se dizer que seria considerada a matrona da enfermagem atual.
Nos bestiários europeus há uma figura de serpente, mostrada também, atualmente, no segundo filme da série de Harry Potter: O Basilisco. Considerada uma criatura fantástica que pode matar com um simples olhar e só pode ser tocado por mulheres. É o inimigo do Basilisco é o grifo, outro animal fantástico. Quem olhar diretamente para um Basilico se transforma em pedra, como mostrado também nas histórias de Harry Potter.
Aqui no Brasil também há uma serpente, de nome Boitatá. Seu nome vem do tupi e significa cobra e fogo. A cobra de fogo é aquela que protege os campos contra aqueles que os incendeiam. Seu habitat natural são as águas e pode se transformar em uma tora de fogo que queima aqueles que queimam as matas.

Na mitologia grega, existe a figura de Equidna, possuidora de tronco de mulher e cauda de serpente no lugar dos membros. Era gigantesca e morava em uma caverna, sendo a única capaz de se unir a Tifão, que era um gigante da mitologia grega que, para vingar a sua mãe, lutou contra os deuses da era do Olimpo.
De sua união com Equidna nasceram algumas figuras:
-Cérbero: Cão de três cabeça que guardava a entrada para o mundo de Hades
– Ortros: Cão de guarda que possuía duas cabeças e era guarda de Gerião
– Hidra
– Quimera
– Dragão de Cólquida
– Cila
Há também a figura de Ladão, um dragão com corpo de serpente com cem cabeças e cada uma delas falava um diferente idioma e era considerado protetor das maçãs douradas do Jardim das Hespérides, junto com as ninfas. As maçãs foram presentes ganhadas por Hera em seu casamento com Zeus.
Mais uma serpente, de nome Ofíon também habita os mitos gregos. Dominava o mundo junto com Eurínome (é uma oceânide, filha de Oceano e Tétis). Foram destronados por Cronos e Reia e jogados ao Oceano.
Píton é outra figura dos mitos gregos. Ela nasce após o grande dilúvio, através do lodo da terra. Mandada por Hera para perseguir Leto, foi morta pelo deus Apolo e o seu corpo foi dividido.
Na região da África do Sul existe a serpente de nome Inkanyamba, aquela que, para as tribos Zulu, é uma grande serpente com cabeça de cavalo. Ela interfere no clima, causando tempestades sazonais.
No folclore Chinês há a lenda da Serpente Branca que evoluiu, ao longo dos tempos, de uma história de terror para uma história de romance que envolve dois seres que se enamoram e enfrentam a sua impossibilidade de ficar juntos, devido a diferença de suas naturezas. A história possui uma série que, no Brasil, pode ser vista na Netflix de nome A lenda do Mestre Chinês.
Na mitologia hindu e também no budismo existe a figura de Naga, um grupo de divindades que são consideradas negativas e perseguidas por Garuda, o homem – pássaro.
Na mitologia cristã, antigo testamento, há a figura temível, Leviatã. É uma serpente marinha, ligada aos sete pecados capitais, especificamente com o pecado da inveja e considerado um dos sete príncipes infernais.
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Em mitologia asteca, Quetzalcoatl, é o deus do vento, do ar e do aprendizado, simbolizado como a serpente de plumas ou serpente, adorada entre os mesoamericanos.
Existe a figura, na mitologia das ilhas Fiji de Ratu – Mai – Mbula que se acredita ser um deus serpente que preside a agricultura.
Sobre a serpente Ouroboros, é ela a alquímica que morde o próprio rabo, indicando a continuidade do ciclo de existência. Na concepção Urobórica não há passado, nem presente e nem futuro, os tempos coexistem. Para o autor pós-junguiano Erich Neumann, a primeira fase do desenvolvimento humano é a Urobórica, para falar da unidade simbólica da mãe e bebê.
Vega e a Serpente
Viu-se que são inúmeros os simbolismos atribuídos ao animal cobra, sendo que se tentou, de maneira resumida, dar conta de alguns através do prisma mitológico, que serão importantes para a análise. A cobra é um réptil que rasteja. Pode-se pensar no movimento rasteiro da cobra em associação com Vega, pelo fato de ser um assassino e matar “às sombras”, se rastejando, ou seja, observando e esgueirando o melhor momento para dar o “bote” e, assim, capturar/matar sua vítima.
Outro ponto importante para análise é o monstro Leviatã. Sua associação, como já mencionado anteriormente em outro artigo é com o pecado da inveja. Vega é um assassino que age de acordo com as ordens de M.Bison, considerado também como guarda – costas do mesmo, nem sempre atua cumprindo exatamente as suas regras e possui um senso estético único e pessoal que define o que é ou não belo.
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